Uma pessoa tem um bebé, sabe que é desafiador e sabe que, aos 2 anos, vem uma fase que tem tanto de maravilhosa como de assustadora. Toda a gente fala dos terríveis 2 anos, das birras, dos acessos de raiva, do choro incontrolável em que querem tudo mas não querem nada.
O que ninguém me disse foi que podia começar pouco depois do ano. A Beatriz desde os 14 meses, de vez em quando, tem uns acessos de raiva e choro que parece que lhe entrou o diabo no corpo. Não quer colo, não quer chão, não quer contacto mas também não quer estar sozinha. Pode ser por coisas simples, como termos de ir para casa ou ela quer um garfo em vez de uma colher, e nós não adivinhámos (sim porque ela ainda não consegue dizer que quer um garfo em vez de uma colher e no meio de tanta lágrima e soluços nem conseguiria).
Chora, atira-se para trás (nós fazemos com que não bata com a cabeça no chão) e fica a chorar e rebolar no chão por alguns minutos, costumo dar-lhe algum espaço e tempo para libertar energia e depois tento captar a atenção dela, se tentar logo distraí-la costuma ser pior. Por vezes funciona à primeira, outras vezes tenho de lhe dar mais tempo. Especialistas dizem que ir embora não é a melhor solução, aliás é a pior. É negligenciar os sentimentos da criança e eu até percebo, eu não deixo um amigo a chorar sozinho, até podemos não dizer nada mas não o deixamos a chorar sozinho mesmo que já o tivéssemos avisado que isso ia acontecer. Por isso é ficar perto da criança, dizer que estamos ali, ver o que ajuda porque com o tempo vamos percebendo melhor.
Já há situações que tento antecipar, dizer que temos de ir para casa que é hora de jantar, sei que ela não quer mas tem de ser e assim, ao fim de uns dias de mega birras, ela não ficando feliz por entrar em casa faz uma birra menor. Também ajuda descalçar logo os ténis (não sei se é a realização de que vamos ficar em casa) mas nem tem feito praticamente birra nenhuma. Tenho-a deixado brincar um bocado à porta de casa, quando ela começa a subir estadas digo que está na hora de ir para dentro e agarro nela e ela esperneia e chora, coloco-a no chão e tiro os sapatos e ela acaba por acalmar rápido.
Já percebi que um preto principal se come com colher e a fruta com garfo (excepto banana que é à mão).
É um processo, quando sei que algo lhe vai despoletar uma crise tento explicar antes, dizer que percebo mas tem de ser e depois tentar lidar como consigo. Só espero que os 2 anos não sejam muito piores e eu consiga manter a calma sempre que necessário...
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