Não querer ter filhos

É excelente termos opção de escolha e não há escolha mais definitiva do que ter filhos, é para a vida toda (espera-se). Nestes últimos anos falei com pessoas que achavam que não queriam ter filhos, por questões relacionadas com a carreira ou mesmo por preferência pessoal, mas depois surgem as dúvidas "e se me arrependo e mais tarde já não posso ter filhos?", "Será assim tão mais importante a carreira do que constituir família?", "Será que não quero ou tenho é medo?", "E se me arrepender de os ter?". É uma decisão também com data limite. Quando se chega a certa idade, engravidar fica difícil ou mesmo impossível e aí já não há volta a dar. E desengane-se quem acha que quem decide ter filhos não se arrepende, vi recentemente num inquérito que cerca de 5% das mulheres inquiridas se arrependia de ter filhos, apesar de os amar.
Claro que podemos adoptar caso já não seja possível conceber, se não fosse tão caro e moroso eu gostaria de adoptar, por opção mesmo. Mas tal como há mães que se arrependem de ter sido mães, apesar de amarem os seus filhos, também há quem se arrependa do contrário. 
Se por um lado não acho que se deva ter filhos só porque sim, porque não se tem nada que fazer, porque se acha que vai ser engraçado, porque a relação está super mal e acham que isso vai ajudar (desenganem-se pessoas, a sério! Um filho pode unir mais um casal mas a união tem de lá estar de pedra e cal senão apenas desune mais), por outro tomar a decisão de não querer pode ser difícil e, se tiverem dúvidas, deve ser bem ponderada.
Volto a frisar, ainda bem que temos hipótese de escolha mas não torna, necessariamente, a decisão menos fácil...


10 comentários:

  1. Não é uma decisão nada fácil!

    Nunca fui daquelas mulheres que sempre soube que queria ser mãe, que desde nova se imaginava com filhos... Durante muito tempo dizia que não queria, mas nunca teve nada a ver com a carreira. Acho que decidir não ter filhos para privilegiar uma carreira, não faz muito sentido.

    Acho que a decisão de ter filhos é a maior decisão que uma pessoa pode tomar na vida, a de maior responsabilidade, a com maior impacto e para a vida toda. E assusta-me ver tanta gente a tomá-la de ânimo leve, de facto. Talvez seja eu que complique demais, e já me disseram que se toda a gente fosse como eu, a humanidade entrava em extinção. O que talvez não fosse assim tão mau! Ahahahah :)

    Dito isto... Agora quero ter filhos. Mas dia sim, dia não, questiono-me se é mesmo a decisão certa. Quer isto dizer que não tomei a decisão de forma consciente, ou que a tomei demasiado consciente da importância da mesma?...

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    1. Se te "preocupa" com certeza tens consciência que é uma decisão que afecta muito mais que apenas a ti. Acho que tens mais consciência do que pensas e como tendemos a pensar demais ainda tens dúvidas (eu até grávida tinha dúvidas se estava a fazer o certo e se ia ser boa mãe, ainda hoje me questiono).
      Ter dúvidas e receio só tem quem se preocupa e tu preocupas-te o que acho que é um bom sinal ;)

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  2. Nem mais, sempre tive o sonho de ser mãe, e por causa desta maldita doença não consegui ser mãe mais cedo, coisa que adorava que tivesse acontecido por causa da minha falta de energias...

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    1. Mas tiveste o Lu, e ele é feliz, vê-se! Fazes o teu melhor, tomaste a decisão de não ter outro precisamente por seres consciente e ponderada...

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  3. Acho muito nobre e corajoso quem decide não ter filhos por saber, lá no fundo, que falta a vocação e a motivação. Penso que haveria muito menos crianças maltratadas/negligenciadas se mais gente tivesse a coragem de tomar esse passo. Mas é sem dúvida um tema muito complexo!

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    1. Sem dúvida Joana.
      Espero que esteja tudo bem contigo e com a pequena que já deve estar enorme :)

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  4. É uma decisão muito difícil.

    Eu era a criança que dizia que quando fosse grande queria ser mãe (entre outras coisas). Sempre adorei crianças e, efectivamente, eu era a cuidadora nas situações em que se juntavam grupos de crianças.
    Cresci sempre com o objectivo de ser mãe, mesmo sabendo desde muito nova que tinha uma condição que me poderia dificultar esse desejo.

    Quando atingi estabilidade emocional e profissional, entendi que era a altura de tentar.
    E foi aí que o meu sofrimento começou. Sofri porque não consegui engravidar, sofri porque me enganaram, sofri porque tive de tomar decisões difíceis.... ainda hoje sofro quando essas memórias regressam à minha mente.

    A partir daí a minha estabilidade emocional foi pelo cano abaixo. O desejo de ser mãe manteve-se presente com a agravante de saber que, simultaneamente, não o queria fazer nas condições em que me encontrava e o tempo estava a ser meu inimigo.

    Entretanto atingi a tão almejada estabilidade emocional mas esse campo andava num turbilhão sem que eu o conseguisse perceber.
    Houve uma altura em que pedi análises à minha médica pensando que num futuro próximo iríamos tomar a decisão... e nesse dia cheguei a casa e chorei feita Maria Madalena.
    Mas porque raio estava eu a chorar? Aquilo não me fazia sentido!!

    Demorei alguns meses a processar o que se passava comigo e finalmente percebi que deixei de querer ter filhos.
    Foi uma decisão muito dura! Continuo a adorar o contacto com crianças mas já não tenho o desejo de ter um filho meu.
    Partilhei esta minha decisão com uma grande amiga minha há umas semanas e ela ficou espantadissima! Provavelmente eu era a última pessoa do mundo de quem ela alguma vez pensou ouvir essas palavras.
    A vida dá muitas voltas! E a minha deu muitas.... talvez até demasiadas!

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    1. Pois deve ser mesmo complicado. Lembro-me como se fosse hoje, no dia da 3a inseminação eu dizer ao Ricardo "se este tratamento der negativo quero entrar com processo de adopção".
      Uma amiga que passou por muito, muito mais que eu, disse-me que quando chegasse a altura eu saberia que já não queria mais e, mesmo custando, iria conviver bem com a minha decisão e ser feliz... Isso é que interessa, sermos felizes com o que decidimos, independentemente de ter sido 100% nossa opção ou se a vida nos forçou a alguns desvios.

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    2. e eu estou totalmente em paz com a minha decisão... isso é que é importante! ;)

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