"O que é que estás aqui a fazer?"

Sempre que pessoas de Portugal me perguntam se estou a gostar de estar cá, ou quando os meus colegas me perguntam o que raio vim para aqui fazer se Portugal tem um clima muito melhor, eu fico sempre sem saber bem como responder.

Quer dizer, aos colegas de cá digo que, de facto, Portugal é um país fantástico, com pessoas espectaculares mas que não em termos de emprego na minha área. Depois disso passam a perguntar se gosto de cá viver.

Quanto a se gosto de viver aqui, é mais difícil. Quer dizer a resposta até é simples, gosto, senão já não estava aqui, mas depois vêm os "mas". A vida aqui é bem diferente e mesmo assim eu sou uma sortuda, temos tido amigos que se mudaram entretanto para aqui, ou que já cá viviam antes, tenho uns primos que têm sido super nossos amigos e nem sei como agradecer, mas a verdade é que tenho mesmo muitas saudades!

A verdade é que a vida não é perfeita, nem aqui nem em Portugal, a diferença é que aqui eu consigo fazer coisas que em Portugal seriam impossíveis, vejo um tipo de futuro que não via em Portugal. Num ano fizemos várias viagens, casámos, comprámos casa, tivemos amigos e família a visitar-nos, comprámos carro, constituir família não parece ser algo irreal ou que vá levar a dificuldades de maior.

Sou feliz, mas não em pleno, porque para isso precisava que todos os que me são chegados vivessem aqui também, ou que em Portugal conseguisse o mesmo que aqui, mas sou feliz, vejo o copo meio cheio mas também reclamo (não fosse eu portuguesa). Reclamo que eles não sabem conduzir, muito menos bicicleta, que não respeitam os peões, que não sabem o que é um sinal de perda de prioridade, que a língua é feia e que não se fala em mais lado nenhum do mundo, mas se me perguntarem se quero voltar à minha vida anterior, a resposta também é simples, "Não".

A vida não é perfeita, para ninguém, há muita coisa aqui que me chateia e até que me provoca medo/receio (nomeadamente na saúde) mas não trocava a minha vida aqui pela minha antiga vida em Portugal. Por isso a minha resposta quando me perguntam se gosto de viver cá é que gosto, mas não há países perfeitos.



5 comentários:

  1. No caso da Saúde, acho que fazes bem em manter olho vivo. Falo por experiência própria. Não vou contar o que se passou e se tem passado, ao longo destes anos, pois estamos em canal aberto, e além de se tratarem de assuntos dolorosos, prezo muito a minha intimidade e privacidade e não me sinto confortável em expor certos assuntos na net (nem no meu blog o fiz). Além de que, neste momento, em que estás no início da tua vida conjugal e, pelo que percebo, com projectos de maternidade, deves estar rodeada de histórias animadoras, tranquilas, positivas, enfim, protegida e mimada o mais possível, para que tudo corra muito bem, e não de histórias como a minha que enervam, entristecem e inquietam...;-) Por isso, sim, olho muito, muito vivo. O facto de teres cá família é muito positivo. Conhecendo os meandros à casa, sempre te podem dar uma orientação e bons conselhos. E se vivem na mesma área de residência, até referências de bons médicos que podes tornar teus. Quando cá cheguei, não conhecia ninguém e escolhi médico de família e ginecologista ao calhas, sem fazer a mínima ideia de quem estava a escolher. E bati com os burros na água em toda a linha, numa sequência de histórias para esquecer... Entretanto, mudei de casa e já sou seguida por pessoas diferentes. Se, no início, tivesse os médicos que tenho hoje, acredito que a minha história tivesse sido outra. Anyway, isto também para dizer, que em situações de maior envergadura (cirurgias, por ex.), se puderes fazer em Portugal, com médicos da tua confiança ou da confiança dos teus pais, acho preferível. Pelo que tenho acompanhado no blogue, os teus pais são novos, saudáveis e sobretudo muito apoiantes e carinhosos para contigo e têm uma casa muito bonita e agradável, pronta a acolher-te, se for necessário e, como tal, não poderias estar em melhores mãos e cuidados. Acredita que é um valor sem tamanho. No meu caso, estou a tentar por todos os meios não ter de ir "à faca". Em Portugal, não tenho condições logísticas (quem tem condições para me acolher, não vive em Lisboa e convém estar próximo) nem familiares (a minha mãe já perdeu a mobilidade) e o pós-operatório seria longo e com possíveis complicações, entre outros factores, que não vale a pena enumerar. A ser necessário terá de ser aqui, mas como tenho mais confiança neste médico, sinto-me mais tranquila. No entanto, esperemos que não seja necessário, claro.
    Mas sendo tu uma mulher da área de Ciências, saberás com certeza, identificar e escolher, ainda com mais propriedade, o que é melhor para ti em termos de médicos, hospitais e afins. ;-)
    Tudo a correr muito bem, são os meus votos para ti e o Ricardo, e goza muito o início dos 30, que pode ser das épocas mais bonitas da vida de uma mulher...:-)

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    1. Sandra não estou rodeada só de histórias com final feliz ou com caminho feliz.
      Aliás, já me deparei eu mesma com médicos altamente incompetentes e que se estão pouco borrifando...
      Tenho tido alguns problemas e cada vez me assusta mais pensar em ter um filho aqui! Principalmente depois de um médico dizer que se calhar é melhor não saber porque tenho dores diariamente... Tipo ignorar faz com que não tenhas nada.
      O sistema de saúde cá só funciona se exigires! Foi o que fiz, exigi que ele fizesse alguma coisa, que proucrasse descobrir...

      Enfim, espero que te tenha passado, que tenhas conseguido da a volta por cima e que o que aí vier corra bem :D
      Beijinhos grandes, qualquer dia temos de tomar um café ;)

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    2. Sorry. Só agora vi o comentário.
      Espero que corra tudo bem contigo e que sejas seguida o melhor possível.
      A questão da insistência é muito importante. E acredita que insisti. Até que me vi obrigada a procurar outras vias, quer aqui, quer em Lisboa e como disse uma amiga minha, andei sempre à procura de soluções.
      Mas, pronto, escusava de ter passado o que passei e andar agora em vigilâncias constantes (ando fartinha de ressonâncias magnéticas).
      Tenho fugido ao café, exactamente porque me custa estar a falar sobre o assunto
      (acabo por estar a reviver e enfim...). E pronto, também não te queria estar a pesar, quando, agora, histórias boas é que são necessárias para animar a malta ( tu e o teu Ricardo) e correr tudo bem, ou seja, não queria estar a causar ainda mais ansiedades e inquietações, como disse no comentário anterior.
      Mudando de assunto para temas mais amenos: gostei dos bambis em Zandvoort e do Madurodam. Nunca lá fui e foi bom conhecer. :-)
      PS: Dores diariamente... Não é melhor ir ver isso a Lisboa? Fiquei tão escaldada...

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  2. A mim também me costumam perguntar a mesma coisa e eu comecei a responder "porque o sol não paga contas" porque tenho emoções contraditórias e complexas como as que descreves e fica difícil de explicar. Beijinho

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