Devíamos pensar bem na mesagem que queremos passar aos futuros adultos desta nação

Para mim a polémica não é a Cristina Ferreira ter escrito um livro, nem nele revelar que foi vítima de assédio mas sim a facilidade com que as pessoas a culpam por ter sido alvo de assédio, a facilidade com que se culpam as vítimas, que vai na volta foi assim que subiu, que lá no fundo até gosta, que naquele meio já se sabe.

Revolta-me que seja algo a que as pessoas estejam habituadas, revolta-me a frase "já se estava à espera", revolta-me que as mulheres sejam muitas vezes as que dizem coisas piores.

Eu sou mulher, já senti assédio no local de trabalho, nunca por um superior, mas senti. Não é bom, não é bonito, não é normal e não devia ser encarado com tanta leveza.

Quantas vezes damos por nós numa rua sozinhas, ouvimos passos ou vemos um homem e rezamos para que alguém apareça, ou que esse homem vire por outro caminho.

Infelizmente acontece, infelizmente muito frequentemente, infelizmente culpam-se vítimas ou desvalorizam-se sentimentos, infelizmente "uma mulher chega onde chega porque deve ter dormido com as pessoas certas" mas um homem chega onde chega por mérito.

Será que é esta mensagem que queremos passar às gerações que um dia governarão o mundo?




4 comentários:

  1. Ignorando os poucos casos em que a história é mal contada logo a suposta vítima pode estar a mentir (estas coisas também acontecem) eu concordo contigo que é muito mau a leviandade com que se trata casos de assédio ou até mesmo violação, culpabilizando a vítima ou tentando até justificar. É simplesmente estúpido.

    Choca-me a sério que as mulheres sintam mesmo medo na rua simplesmente por se cruzarem com um homem ou ter um a caminhar atrás. Choca-me pq isto é uma coisa tão banal de acontecer que se as mulheres passam por este "terror" tantas vezes, é mesmo mau, pq no nosso mundo de agora isto deveria ser uma rara excepção. (todos nós, homens e mulheres já certamente passamos e continauremos a passar por situações em que teremos receio ao andar na rua, seja por ser tarde, por passarmos num sítio manhoso, etc...).

    Para mim o único ponto em que me sinto dividido e nunca sei bem como discutir é a parte do assédio entre colegas, ou o simples assédio entre homens e mulheres. O termo assédio por si mesmo já indica uma coisa negativa, mas tem gente que pode considerar um piropo como assédio, enquanto outros podem considerar como elogio. Aliás, eu sei, e presumo que possas concordar comigo, que para a mesma mulher uma certa pessoa fazer um piropo até é fofinho, e outra pessoa diferente a fazer exactamente o mesmo é um descaramento!
    Mas o que eu queria mesmo dizer é que faz parte do comportamento humano o flirtar. Mesmo que muita gente não o faça activamente, eu considero um comportamento básico humano e muito natural, seja de homens para mulheres, como de mulheres para homens e entre o mesmo sexo também.
    Vivemos ainda numa sociedade onde infelizmente o flirt de homem para mulheres é normal e o contrário nem por isso, e isso leva a abusos.
    Eu sempre fui um gajo que costuma fazer piropos, ou mandar bocas que às vezes podem ser consideradas porcas mesmo, e sinceramente nunca pensei que estivesse mesmo a "magoar" ou a "assustar" as mulheres. Se calhar porque sempre pensei que se fosse esse o caso elas diriam e eu parava com o meu comportamento. E é verdade que muitas mulheres "comem e calam", e isso não é dizer que é culpa delas.
    É só mesmo neste pormenor, o dito "assédio", que eu acho que há muito pano para mangas. E sendo eu homem tenho uma visão diferente, como é lógico. Ainda para mais pq estou no grupo que é quase sempre o "opressor", custa a perceber o verdadeiro alcance do problema.
    Mas tu referiste que a situação que tiveste não "foi bonita", por isso mesmo que para muita gente parecesse normal, não o foi.
    Mas na verdade assédio nunca deveria ser normal. E o problema deve estar mesmo que para nós homens assédio é só qd exageramos e abusamos, e não sabemos que às vezes (ou sempre) simplesmente dizer "que belo decote que trazes hoje" ao mesmo tempo que arregalamos os olhos já é exagerar e abusar.

    E pronto são estes os meus 2 cents, onde a única fonte de possível discordo ou discussão é a tal definição de "assédio" entre colegas ou conhecidos...

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    1. concordo que o termo assédio é algo controverso ou pode ter várias definições, também que os piropos podem ser levados de maneira diferente pela mesma pessoa ou por pessoas diferentes...
      Acredita que não é fácil andar na rua, aqui nunca se meteram comigo, em Portugal até apalpada fui por desconhecidos... Em discotecas então, ui...
      Vai demorar a mudar mentalidades mas é um problema de raiz, tal como o racismo, muita fazes é sem pensar mas temos de começar a colocar a mão na consciência...

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    2. Olha que ser apalpada na rua por desconhecidos é realmente muito mau. Eu percebo dar vontade de apalpar, a mim tb dá ás vezes mas fazê-lo nunca pensaria (talvez se estivesse muito bêbado, mas não é desculpa).
      Uma coisa que me faz perceber o teu ponto de vista é eu pensar que ser-se apalpada (ou apalpado que tb acontece mas nós só nos chateamos se for outro gajo a apalpar) nas discos é mais normal, mas na mesma não há justificação nenhuma para o fazer.

      Curiosamente também não dou desconto no ser-se racista ou misógino sem pensar. Pq ter-se pensamentos desses pode ser muito mais frequente do que o correcto, eu certamente tenho-os de vez em quando , mas como disse pouco ou nada justifica praticar esses pensamentos, que é quando se cria problemas (enquanto for só pensar, mesmo que seja errado ao menos não estou a ofender ninguém). Claro está que quem muito pensa mais tarde ou mais cedo age de acordo...

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  2. Olá...
    Infelizmente temos no nosso país muita gente que diz coisas como "ela estava a pedi-las" ou como tu dizes "já estava à espera"... E isso, enfim... Custa-me a crer, mas não vai mudar. As pessoas são burras, machistas... -.-
    Beijinho

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